Você já sofreu bullying? Você já
praticou bullying? Você conhece alguém que foi/é vítima de bullying? Então, querido
leitor, esse livro é pra você.
Na coluna de hoje vou falar de A Lista Negra, obra de estreia da americana Jennifer Brown, publicada no Brasil
pela Editora Gutenberg.
O livro é narrado em primeira
pessoa por Valerie Leftman e começa com um recorte de jornal, numa
manhã de sexta-feira um garoto promoveu um massacre na cantina do colégio de
ensino médio onde estudava, matou seis pessoas e deixou outros muitos feridos,
ao final apontou a arma contra si mesmo e atira. Valerie foi atingida na coxa à
queima-roupa. O atirador em questão era Nick Levil, namorado e melhor amigo de
Valerie, as outras vítimas, em sua maioria, coincidiam com os nomes presentes
num caderno dividido pelo casal, uma “lista negra” com pessoas, coisas e
situações as quais ambos odiavam.
Diante disso, muitas pessoas
questionaram o envolvimento da nossa protagonista no atentado, se ela planejara
tudo com o namorado e para seu “azar” não morreu também ou se ela, num ato de
heroismo, tentou impedir que aquele horror continuasse e tomou um tiro no lugar
de um dos alvos.
O enredo foi organizado de uma
maneira bem dinâmica, ele segue uma ordem cronológica, desde o dia do tiroteio
até um ano depois, conseguindo se referir ao acidente através de recortes de
jornal, costuradas a algumas memórias pessoais da Valerie, de uma maneira bem
inteligente lembra ao leitor os efeitos da tragédia, aumentando a carga
emocional que esse livro possui.
A protagonista, Valerie, me
cativou a primeira vista, ela vive um dilema moral terrível, pois não consegue
associar a pessoa que atirou nos colegas com o namorado sensível a quem ainda
ama, ela por diversas vezes se questiona de realmente o conhecia, em que
momento a lista, a qual sempre via como um desabafo, uma brincadeira, passou a
ser real para o Nick e porque ela não notou essa mudança e tudo aquilo
aconteceu.
“Pensei naquilo. Em tudo o que eu recordara do que tinha acontecido na escola, nunca me ocorreu perguntar a mim mesma o porquê. A resposta parecia óbvia. Nick odiava aquelas pessoas. E elas também o odiavam. Era por isso. Ódio. Socos no peito. Apelidos. Risadas. Comentários depreciativos. Ser empurrado de encontro aos armários quando algum idiota metido passava. Eles o odiavam e ele os odiava e de algum modo acabou daquele jeito, com todo mundo morto.”
Um dos pontos altos do livro, na
minha opinião, foi as sessões de terapia pós-trauma frequentadas pela Valerie, o Doutor Hieler foi excepcional, se tornando meu personagem favorito da história, ele representa o que um bom
profissional de saúde mental deve ser, seu método de tratamneto permitiu que a
Val encontrasse um ambiente seguro e confortável para enfrentar os seus
fantasmas e frustrações.
“ – Hum. E gosto daquele balão – acrescentei, apontando para um balão de madeira com aparência antiga pendurado no teto. – É bem colorido.
Seus olhos acompanharam os meus.
- É, eu também gosto dele. Em parte porque tem uma aparência bacana e em parte por causa da ironia. Ele pesa uma tonelada. Neste consultório, tudo pode voar. Não importa o quanto esteja sendo puxado para baixo. Até mesmo balões de madeira. Legal, né?”
Já os pais da Val me
deixaram com bastante raiva, a mãe por sua desconfiança constante, mas
principalmente o pai, eu simplesmente não conseguia acreditar na forma como ele
tratava a filha depois de um evento tão traumático, porém o entendimento de que
ele estava um tanto perturbado com o fato de seu nome também constar na
fatídica lista, e a mãe de luto pela comunidade (e por seu casamento em crise),
me ajudaram a passar por alguns lugares difíceis da narrativa sem deixar o
drama da situação me dominar (sim, as vezes algumas histórias me causam reações
bem palpáveis kk).
Outro ponto alto do livro que, por sinal, me surpreendeu bastante foi a evolução da Jessica, a garota que Valerie (aparentemente inconscientemente) impediu
de ser alvejada, no começo ela era descrita como uma das garotas populares que
enchiam o saco da Val, chamando-a de “irmã da morte” (sabe a Regina George de
Meninas Malvadas? Era ela). Mas o evento a transformou, assim como a maioria
dos estudantes daquela escola, enquanto os antigos amigos da Val eram rudes ou
a evitavam, a Jessica passa por cima de tudo, dos olhares e recriminações dos
que assumiam a Valerie como culpada, e se coloca como amiga da nossa mocinha,
mesmo que a própria não encarasse muito bem essa mudança a princípio, mas, a
relação das duas se torna forte e cria uma espécie de ponte para a Val se sentir
melhor na sociedade e seguir em frente.
Foto: Estante da Rai |
Eu sinto como se pudesse ficar
horas falando sobre o quanto eu amei A Lista Negra, do quando eu achei sua
escrita madura, os personagens bem construídos e da narrativa concisa. O livro
passa uma mensagem muito forte a respeito do bullying, do ciclo de ódio que
esse tipo de comportamento cria e como ele pode ser destrutivo, pode ir matanto
a personalidade de alguém aos poucos ou acender o pavil de uma bomba.
Eu senti como se o livro estivesse conversando comigo. É por isso que eu recomendo esse livro a todas as pessoas que em algum momento foram vítimas de bullying ou que conhecem alguma vítima, intedendentemente de ser um livro voltado ao público adolescente, daí estendo também a resomendação a pais educadores.
Eu senti como se o livro estivesse conversando comigo. É por isso que eu recomendo esse livro a todas as pessoas que em algum momento foram vítimas de bullying ou que conhecem alguma vítima, intedendentemente de ser um livro voltado ao público adolescente, daí estendo também a resomendação a pais educadores.
Espero que tenham gostado e vejo vocês a próxima
semana! Deixa aí um comentário falando o que achou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante!
Seu comentário será visualizado por todos.