Resenha: VIDRO.




Diante de inúmeros filmes, baseados em histórias em quadrinhos entorno de uma disputa entre Marvel e DC, o que domina a atual indústria cinematográfica nessa década, o diretor e roteirista, que conquistou públicos com seus suspenses (O Sexto Sentido, Sinais, A Vila), criou seu próprio universo sem a necessidade de recorrer a essas grandes editoras.

Essa trilogia improvisada composta pelo excelente “Corpo Fechado” (2000), e sua sequência indireta com o filme de horror “Fragmentado” (2017), e agora Vidro, que é preenchido com os três personagens já apresentados anteriormente, e que filtram seus terríveis passados através de suas “super-personalidades”, tornando-se até personagens de histórias em quadrinhos que de alguma forma existem em nosso mundo real, ou quem sabe, parte dele. Sem adentrar muito à trama, a modo de evitar possíveis spoilers, o longa retorna à raiz do mito super-heróico de Corpo Fechado e mesmo não sendo uma história de origem do personagem-título, porque já sabemos, é mais um grande encontro decisivo em meio a um monte de socos, discussões e tratamento psiquiátrico. Seu elo e reminiscências que foram desenvolvidas antes são quase os únicos elementos que se conectam à ação, talvez para criar arrepios ao público. Mas continua ótimo os solilóquios de um Samuel Jackson (Sr. Vidro/ Mr. Glass) que recicla seu discurso já conhecido sobre heróis dentro das histórias em quadrinhos. 

Entre o virtuosismo teórico e a platitude emocional, é difícil condenar o filme, tanto quanto encarná-lo como um puro sucesso de encenação. O projeto fica interessante com o seu elenco e suas atuações em destaque ao retorno da galeria de personalidades (24 ao total) desenvolvida por um excelente James McAvoy (Kevin), que para a trama é habitual e particularmente justo. Mas, se compararmos a volta de Bruce Willis com o seu David Dunn, notaremos que 19 anos se passaram e mesmo assim o personagem nada evoluiu, exceto com a ajuda de seu filho ajudante e adulto, Joseph Dunn (Spencer Treat Clark). 

Vidro é um filme ousado e diferente de qualquer outro filme de seu tipo, com foco em reflexão e fala para ação que contamina muitos filmes de heróis em seu apogeu. No entanto, se Shyamalan é um grande conhecedor de quadrinhos, ele esqueceu, ao longo do caminho, que estes ilustrados são, principalmente, objetos de entretenimento e combinar a reflexão e a fantástica aventura com diversão é o que não sucede completamente à conclusão muito ambiciosa deste ciclo de filmes.


Imagens: Reprodução/Divulgação
Victor Luís | @_victo
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