Amor Amargo

A coluna de hoje trata de um livro que mexeu muito comigo e com todo mundo que conversei sobre ele. Amor Amargo, da Jennifer Brown (autora de Lista Negra, do qual já falei aqui para vocês), publicado pela editora Gutenberg.

Divulgação - Ed. Gutenberg

Amor Amargo nos apresenta a Alex, uma garota comum, boa aluna, responsável e com bons amigos, que está prestes a se formar no ensino médio e planeja uma viagem com seus dois melhores amigos até o Colorado, lugar onde sua mãe morreu num acidente. Então ela conhece Cole, atleta, bonitão e encantador, aluno novo transferido de outra escola e que por apresentar algumas dificuldades em inglês, acaba sendo designado como para uma monitoria na matéria e Alex será sua tutora.

Logo no começo do livro, percebi que a Alex tinha uma carência emocional muito grande, pois órfã de mãe, com um pai não muito afeituoso, as vezes até ausente, e sem conseguir uma conexão real com as irmãs (as quais enfrentaram a dor da perda da mãe de uma maneira diferente da sua), fazendo com que ela se sentisse incompreendida dentro da família e um tanto solitária com seus sentimentos. Alex se vê como uma garota comum, sem nada que a fizesse especial, por isso quando Cole demonstrou seu interesse, ela quase não acreditou.  

A partir daí, Alex e Cole se envolvem e começam a namorar. No início do namoro, era tudo lindo, Cole era o namorado dos sonhos, a cortejando e paparicando todo o tempo. Mal sabia ela o que estava por vir. Aos poucos o namorado foi apresentando algumas mudanças de comportamento, foi dominando cada vez mais o tempo e a vida da Alex, na escola e no trabalho, implicando com o relacionamento dela com os amigos Bethanny e sobretudo Zach, de quem Cole tinha muito ciúme – num certo momento, ele não ficou satisfeito quando a garota foi encontrar os amigos e resolveu dar um “susto” nela, que ficou um pouco perturbada, mas não desconfiou do comportamento agressivo do namorado. Mas, ainda assim, ela foi se afastando dos amigos.

"Embora, no fundo, não acreditasse, me convenci do contrário. Tinha de acreditar. Para ficar com ele, eu já tinha aberto mão de muita coisa. Perdê-lo agora significaria que todos os sacrifícios tinham sido em vão." 

No decorrer da história, ocorrem vários episódios nos quais Cole agride a Alex, não só fisicamente, mas também moral e psicologicamente. Ele falava e agia de uma maneira que a fazia acreditar que só ele a entendia e a estava fazendo um favor namorando com ela, pois mais ninguém a quereria.

Em diversos momentos tive que pausar o livro pra respirar fundo, tal meu grau de revolta com o Cole e indignação com a Alex por se submeter a tal. Mas, deixando as emoções mais fortes de lado, é interessantíssimo ver e destrinchar as personalidades de ambos; a autora, como psicóloga, soube fazer isso com maestria.

“Amedrontada demais para correr. Pasma demais para continuar de pé. Machucada demais para ser corajosa.”

Fiquei o tempo todo esperando e torcendo pela libertação da Alex, tanto do Cole, quanto dessa visão deturpada que ela tinha de si mesma. 

Esse é um daqueles livros que deve ser lido por todos e deveria ser trabalhado nas escolas, pois trata de um problema (infelizmente) bastante atual, a quantidade de pessoas vivendo em relacionamentos abusivos é gigantesca e os números dos casos de violência doméstica/entre casais são alarmantes. Quem não conhece ou conheceu alguma vítima? Eu já e mais de uma, inclusive.

O que é incompreensível e inacreditável na ficção, torna-se ainda mais duro quando encontrado na realidade. E é esse lembrete que a obra nos trás. Se você é uma vítima, procure ajuda! Se você conhece uma vítima, procure ajudá-la! Aqui então algumas dicas para reconhecer os sinais de uma relação abusiva, além do maravilhoso vídeo da youtuber Jout Jout, que casa perfeitamente com a temática do livro.

Espero que tenham gostado! E vou reforçar, super recomendo esse livro!

Até a próxima!