#MelhoresDiscos: Bon Iver | grupo folk faz registro de um disco poético e minimalista com “22, A MILLION”.

  
   Quando o cantor e compositor norte-americano Justin Vernon criou o Bon Iver em 2007, ele mal esperava que o reconhecimento do seu talento seria de imediato e que juntamente com Michael Noyce, Sean Carey e Matt McCaughan formariam um dos grupos de folk mais prestigiados pela crítica.

   O grupo teve origem em Eau Claire, Wisconsin nos Estados Unidos, seu primeiro disco lançado independente em julho de 2007, chamava-se 'For Emma, Forever Ago' , despertou a atenção de produtores e gravadoras pelo seu formato e pelas composições. Em 2011, foi lançado o segundo disco da banda intitulado de 'Bon Iver', composto por 10 canções, que logo foi aclamado pela crítica especializada e foi vencedor na categoria Melhor Álbum de Música Alternativa no Grammy de 2012, enquanto a banda ganhou o prêmio de artista revelação.

Nota do  ILustres:
4.5 de 5 estrelas.4.5 de 5 estrelas.4.5 de 5 estrelas.4.5 de 5 estrelas.
4,8 de 5

22, A Million (Jagjaguwar, 2016), é o terceiro disco de estúdio do Bon Iver, lançado em setembro desse ano, tem recebendo elogios da crítica e conquistando uma pontuação de 86 em 100 no Metacritic, significando "Aclamado Mundialmente." O disco é composto por 10 faixas e revela-se bem experimental e minimalista em uma atmosfera eletrônica mas sem fugir das raízes do folk.  Após um intervalo de quatro anos desde o lançamento e divulgação do premiado  Bon Iver, o grupo faz um upgrade e cria um retalho de informações que vão desde a colocação dos samples, do uso do auto-tune e da melodia que é traçada a cada bela composição do Vernon. O conceito de 22, A Million surge da fragmentação de símbolos que representam emoções e partículas de toda a composição do disco.  Já o artista gráfico Eric Timothy Carlson ficou responsável pela produção artística, incorporando texturas visuais, símbolos e números que dialogam em todo o processo da obra. 



1. "22 (OVER S∞∞N)" é a faixa que abre o disco e traz versos eletrônicos e um canto delicado, tem um sample de fundo de "How I Got Over'' da Mahalia Jackson. O saxofone embala a segunda parte da canção que tem uma bela composição do Justin Vernon, que desabafa com Deus sobre suas frustrações e seu sofrimento, em forma de metáforas.


2. "10 d E A T h b R E a s T ⚄ ⚄" é a faixa que na voz do Vernon, em meio a ruídos sonoros com a presença de auto-tune e o sample de ''Wild Heart'' da Stevie Nicks, reforça a apreciação do Vernon por músicas de vocais femininos. Esta faixa se volta ao simbolismo: da dor, do amor e da luta para conquistar algo. ''Taking in the tall grass of the mountain cable and I cannot seem to find I'm able'' (Tomando na grama alta do cabo da montanha e eu não consigo encontrar  e eu sou capaz).


3. "715 - CRΣΣKS" esta faixa é gravada usando um ''Justin Messina'', um instrumento criado pelo engenheiro de seu estúdio, Chris Messina. O dispositivo serve como um vocoder alternativo, dividindo em uma melodia várias harmonia. A canção também recicla a base de outra canção, "Fall Creek Boys Choir", que o Vernon gravou em parceria com o britânico James Blake, em 2011. Ela se apresenta em um tom emocional e transparece o sentimento do artista declarando-se magoado por ter perdido alguém que amava.

4. "33 “GOD”" esta faixa que no lyric video oficial tem como abertura uma epígrafe citando o Salmo 22: ''Why are you so FAR from saving me'' (''Por que está tão longe de me salvar''), traz referência bem clara do que estará por vim. O número 33 no título da faixa refere-se à idade de consenso geral sobre a morte de Jesus Cristo, enquanto que a canção também tem 3 minutos e 33 segundos de duração. Vernon faz questionamentos sobre Deus e religião de forma consciente, esperando uma resposta do criador que não lhe responde. 

5. "29 #Strafford APTS"  é a faixa em que o baterista Sean Carey colabora nos vocais e forma uma belíssima parceria com o Vernon que mais uma vez distorce sua voz com o recurso do auto-tune de forma poética, ao fundo de uma melodia folk com um arranjo acústico típico do grupo.

6. "666 ʇ" o título da faixa (666 ʇ) que se pronuncia "de cabeça para baixo seta 666’’, é a sexta faixa do disco. Contem uma batida electro, riffs excelentes de guitarra, misturados aos belos falsetes do Vernon, beneficiando-se do ótimo e bem colocado sample da canção 'Standing in the Need of Prayer' do The Supreme Jubilees.

7. "21 M♢♢N WATER" o número "21" do título desta faixa refere-se a 777 (7x3 = 21), como confirmado pelo art-work do disco. 777 é considerado o número de Deus em religiões como o judaísmo e o cristianismo. Ela segue e contrabalança o nome da faixa anterior a "666 ʇ". "Lua de água" é "água imbuída do poder da lua" e se relaciona com o ocultismo e bruxaria. Assim, a numerologia e o fraseio criam um contraste e dissonância, mesmo dentro do nome da faixa, entre o sagrado e o profano. Toda a faixa contém ruídos e a presença da voz do Vernon em forma de ecos com o forte sample de mais uma canção dos anos 60,''A Lover's Concerto'' da The Toys.

8. "8 (circle)"  é uma faixa que simbolicamente representa o ciclo de todo o disco e difere das outras. O número "8" aqui é feito inteiramente de dois círculos. A canção trata da leveza dos versos e tem uma poesia intimista que conquista na primeira audição, é a minha faixa favorita. E apresenta mais uma vez a sutileza na composição, presente em músicas como Skinny Love e Flume.

9. "____45_____"  é outra faixa que soube explorar bem a melodia, os versos e arranjos. O título representa o número 45 (4+5=9) e quatro pontuações precede o número e cinco pontuações seguem depois como se fosse um caminho a ser percorrido. É usado o mesmo instrumento da faixa 3, um ''Justin Messina'', em meio a toda instrumentação de saxofone do Colin Stetson e da presença do banjo em um ritmo delicioso de se ouvir.

10. "00000 Million"  é a faixa que encerra o disco, em que o número da faixa, 10, é colocado no início do título da música (00000 milhões), e lê 1.000.000. A faixa apresenta-se mais uma vez minimalista como todo o disco, além da presença dos arranjos emprestados de ''Abacus'' do jovem artista irlandês Fionn Regan.

Não se engane, 22, A Million estabelece uma crise de confiança do Vernon. A ausência de sua bela voz, sendo remodelada por distorções e recursos de efeitos eletrônicos e falsetes, não frustra os ouvintes, mas a sua colocação serve para enfatizar suas mágoas profundas escritas nos belos versos do compositor.

Embora a apresentação mudou, o poder emocional no coração de Bon Iver está intacto.

Para quem gosta de: Fleet Foxes, Iron & Wine e Damien Rice.
Ouça bem: 22 (OVER S∞∞N), 33 “GOD” e 10 d E A T h b R E a s T.


Victor Luís | @_victo
Victor Luís | @_victo

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