#MelhoresDiscos: Solange Knowles defende a identidade negra e combate o racismo em ''A Seat at the Table''.

Foto: Reprodução | +Solange Knowles 

Solange Piaget Knowles, sempre recebeu comparações da mídia com sua irmã Beyoncé, porém musicalmente, as artistas comprovam que são diferentes. Além de cantora e compositora, Solange é dançarina, produtora, atriz e modelo. Conhecida também como Sol, tem raízes no Estado do Texas, nos Estados Unidos, filha de Matthew Knowles e Tina Knowles. 

Seu primeiro disco de estúdio Solo Star (2002),  lançando quando a artista tinha apenas dezesseis anos teve moderado sucesso comercial e de crítica. Seu segundo disco de estúdio Sol-Angel and the Hadley St. Dreams (2008) seguiu o estilo da Motown Records das décadas de 60 e 70. O disco alcançou o 9º  lugar na Billboard 200 e recebeu críticas positivas. O disco teve uma extensão quatro anos depois, intitulado de EP "True" (2012), é influenciado pelo pop e R&B da década de 80. 


Solange - A Seat at the Table.png
Nota do  ILustres:
4.5 de 5 estrelas.4.5 de 5 estrelas.4.5 de 5 estrelas.4.5 de 5 estrelas.
4,8 de 5

A Seat at the Table (Saint / Columbia Records) é o terceiro disco de estúdio da Solange Knowles. É um registro honesto, forte  e assumidamente black music. O disco conta com colaborações excelentes como de Lil Wayne, Sampha, The-Dream, BJ the Kid Chicago, Q-Tip, Kelly Rowland, Kelela e Tweet. A obra explora a vaidade, no tempo em que a violência e o racismo contra os afro-americanos ficaram mais expostos. Solange se apropria do dom de escrever e usa o estúdio como refúgio para elaborar um projeto que combate a intolerância racial e  a ignorância que ocorre hoje na América.  Ao contrário de sua irmã mais velha, que fez barulho com Lemonade, ela cria uma atmosfera mais calma e minimalista com o uso do R&B, considerando a rica história musical do gênero e a sua propensão para os assuntos sociais.

1. ''Rise'' é a faixa que abre o disco, é um hino melódico que apresenta sample simples, e uma repetição lírica de ''Fall in your ways'' (Queda nos teus caminhos), que faz uma reflexão sobre ser alguém de corpo negro vivenciado o preconceito todos os dias.

2. ''Weary'' é uma ótima canção confessional, que manifesta questionamentos da própria Solange sobre hierarquia social com base na classe, sexo, sexualidade e abertamente a raça. Nota-se uma melodia com o melhor do soul/R&B contemporâneo e se apropria com muito charme o tema de igualdade em um sistema que se opõe a isso. 

3. "Interlude: The Glory Is in You" é o primeiro interlúdio do disco, uma narração motivacional do Master P, um grande amigo de infância da Solange, que declama ''Cause the glory is, is in you."  (Porque a glória é , está em você ").

4. "Cranes in the Sky" é a faixa que a artista descreve suas tentativas de evitar sentimentos dolorosos, seguramente em consequência da dissonância e rejeição vivida como uma mulher negra nos Estados Unidos.  A canção contém uma instrumentação deliciosa de ser apreciada, som nitidamente das cordas de baixos, tambores e percussão tímida e ao longe um piano que brilha nos seus tons. 

5.''Interlude: Dad Was Mad'' é o segundo interlúdio do disco, em que o pai da Solange, o Matthew Knowles descreve o racismo que sofreu na infância. ''That was my childhood. I was angry for years... angry, very angry''  (Essa foi a minha infância. Eu estava com raiva por anos ... irritado, muito irritado).

6. ''Mad'' é a faixa que tem a colaboração do Lil Wayne, uma canção suave que contém batidas singulares e um arranjo perfeito. Os versos do Wayne abre espaço para uma conversa franca ao ouvinte sobre...

7. ''Don't You Wait'' é uma faixa que lembra  as faixas do disco anterior da Solange, o EP True. A canção é tomada de samples e batidas envolventes. Solange aconselha que, se você está esperando por ela para escrever faixas genéricas sobre o amor e desgosto em um momento politicamente perigoso para a América negra -, então não prenda sua respiração.

8. ''Interlude: Tina Taught Me'' é  mais uma faixa interlúdio. Tem a participação da mãe da Solange Tina Lawson que fala sobre ter orgulho e amor por sua cultura e patrimônio, e por isso que muitas críticas de tal orgulho são equivocadas.

9. ''Don't Touch My Hair'' é a faixa que mais respira o black music dos anos 80 e um puríssimo soul. Solange determina limites para o grau em que ela vai comprometer suas crenças e identidade para satisfazer outras pessoas.


           

13. ''F.U.B.U.'' é um hino, assim de passagem, a canção é fragmentada com o melhor do R&B e lhe toca de alguma forma. Arranjos muito bem colocados e a participação precisa dos cantores The-Dream e BJ The Chicago Kid.  F.U.B.U é uma empresa de vestuário norte-americana que tinha fortes laços com a comunidade hip-hop. O nome da empresa é uma sigla para "Para nós, por nós", com "nós" referindo-se à comunidade Africano-americanos.

14. ''Borderline (An Ode to Self Care)'' é uma faixa que a Solange explora o equilíbrio difícil de envolvimento com as lutas do mundo e  sua auto-preservação. Além de dividir os vocais com o cantor Q-TIP em uma faixa envolvente e dançante.

16. ''Junie'' é uma faixa com riffs mais agitados criando uma atmosfera funk, além de contar com a participação do cantor e produtor Andre 3000.

17. ''Don't Wish Me Well'' é a faixa que segue a tendência do indie/pop com elementos e samples característicos e bem reproduzidos. A melodia é absolutamente envolvente  e sua letra descreve um amor não correspondido, retrato do passado da Solange, que perdeu grandes amores, por eles não a aceitarem como ela sempre foi.

20. ''Scales'' é mais uma faixa que leva consigo a sutileza do indie/pop. A canção é uma homenagem aos homens negros na América e tem a colaboração da cantora Kelela que divide os vocais com  a Solange em uma harmonia incrível. 

21. ''Closing: The Chosen Ones''  faixa que encerra o disco e mais uma vez com Master P que diz que somos os ''escolhidos''. ''Isso não deve fazer alguém se sentir desconfortável porque, para nós, como um povo, literalmente, percorrer o caminho que temos, suportou o que temos, e para estar onde estamos agora, nós tivemos que ser escolhido em um sentido.''

Segundo Solange, sua obra ''Seat at the table'' é um ''projeto de identidade, emponderamento, independência, aflição e cura''.  Ouça agora no streaming abaixo. 

Victor Luís | @_victo
Victor Luís | @_victo

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