RESENHA: Green Day volta às origens com o excelente disco 'Revolution Radio'.

Foto: Reprodução | +Green Day 
Quem diria que uma banda formada em 1987 e composta por 3 membros, mudariam a história do cenário punk rock em quase duas décadas depois. O Green Day, banda que tem como líder o Billie Joe Armstrong (guitarrista e vocal) e seus parceiros, Mike Dirny (baixo e vocal), Tré Cool (baterista) e as idas e voltas do Jason White (guitarra e vocal).

O primeiro disco de estúdio do grupo foi o 39/Smooth (1990) e chamou a atenção pelas gravadoras em Berkeley na Califórnia, surgindo dois anos depois o disco Kerplunk (1992). Após o lançamento do aclamado Dookie (1994) que não só despertou o interesse da nova geração na década de 90 como o disco tornou-se um sucesso internacional e vendeu mais de 20 milhões de cópias em todo o mundo. 

O quarto disco de estúdio, intitulado de Insomniac (1995), vendeu em torno de 10 milhões de cópias, bem inferior a seu antecessor, porém houve uma transição para uma grande gravadora, a Reprise Records. Na Reprise Records, o grupo lançou o quinto disco, Nimrod (1997) que alcançou a décima posição nas paradas da Billboard nos Estados Unidos. Apesar da boa posição, as vendas do disco não conseguiu o feito do Dookie, mas conseguiu ser aclamado pela crítica e um dos hits inesquecíveis do grupo ‘‘Good Riddance (Time of Your Life)’’. 

Em 2000, o sexto disco do Green Day, Warning representou ser o mais significativo tanto para o grupo quanto para os fãs, a saída da zona de conforto do grupo que apresentava discos mais punks rock (Nimrod/Dookie) para algo mais politizado e bem mais trabalhado, foi algo ousado, que não lhe trouxeram boas vendas mais proporcionaram ideias para o excelente disco que o sucederia, American Idiot (2004), que tornou um dos discos mais aclamados do grupo, não só em vendas, mas contendo uma coleção de grandes hits como American Idiot, Jesus of Suburdia, Holiday e Boulevard of Broken Dreams. O disco também foi adaptado para um musical em exibição na Broadway intitulado de ''American Idiot - O musical''.

O oitavo disco da banda, 21st Century Breakdown (2009) que é dividido em três atos, "Heroes and Cons", "Charlatans and Saints" e "Horseshoes and Handgrenades" e acompanha um casal de jovens, Christian e Gloria, na miséria e esperança do novo século. Musicalmente, o disco segue o mesmo estilo opera rock do seu antecessor, American Idiot. A ambiciosa e duvidosa trilogia de discos ¡Uno! ¡Dos! e ¡Tré! (2012) não trouxeram respostas positivas para a ousadia do projeto do grupo e isso se deve a reabilitação do vocalista Billie Joe Armstrong em uma clínica por abuso de medicamentos prescritos e bebidas alcoólicas.
Nota do ILustres:
4.5 de 5 estrelas.4.5 de 5 estrelas.4.5 de 5 estrelas.
3,7 de 5
Revolution Radio (Warner Bros. Records/2016) é o décimo segundo disco do Green Day. Quatro anos após a um hiatos do grupo com a reabilitação do Billie Joe.  É um disco que busca mérito de redenção pelo fracasso de seus antecessores (¡Uno! ¡Dos! e ¡Tré!) e com objetivo de por o grupo de volta a ativa.  O grupo volta mais politizado, com críticas a sociedade e aos recentes ataques de violência sofridos na América em um tom mais sombrio, cru e um toque de elementos experimentais que dão sinal de um novo recomeço para o gênero punk rock esquecido.
Apesar de não apresentar em seu estrutura o estilo opera rock característico dos fabulosos discos American Idiot 21st Century Breakdown, é notório em algumas faixas a lembrança de elementos nostálgicos dessa fase.

🎧 "Somewhere Now" é a faixa que abre o disco, tons e melodia bem familiares do Green Day, lembra claramente a faixa "21st Century Breakdown" de 2009, com uma introdução bem acústica que ganha força na segunda parte da canção. Liricamente, trata-se de tédio, em que o Billie Joe aborda com ironia: ''Hallelujah! I found my soul under the sofa pillows.'' (Aleluia! Eu encontrei minha alma sob as almofadas do sofá).

🎧 "Bang Bang" é o primeiro single promocional do disco, uma faixa mais punk e de riffs que dá uma volta às origens da banda, não apenas pelo tom violento e sim pela a ironia nos versos. Serve como um protesto em meio a turbulência do mundo em que vivemos. A canção é bem produzida, um rock empolgante, relembrando a melhor fase da banda na era do Dookie. 

🎧 "Revolution Radio" é a faixa título do disco, com um instrumental também agressivo porém ao mesmo tempo melódico e envolvente.  Apresenta em sua letra frases como ''Legalize the truth'' (Legalize a verdade) e  ''Under the stars and stripes'' (Sob as estrelas e listras) que canalizam o mesmo anti-establishment e raiva que encheu singles anteriores, como "Holiday" e "Minority".

🎧 "Say Goodbye" é uma faixa que se difere das faixas anteriores, não só por conter bases diferentes que foge um pouco do que conhecemo do grupo e migra para o clássico com riffs delineados e um refrão gostoso de se ouvir. 

🎧 "Outlaws" é uma baladinha que soa bem nostálgico a outras baladas e hits do Green Day como ''21 Guns'' com uma melodia melancólica e explosiva ao mesmo tempo que também posso comparar com uma faixa de 1992 do grupo, Christie Road, por toda a sua estrutura. 

🎧 ''Bouncing Of The Wall''  é uma faixa que certamente poderia ser extraída de um dos discos antecessores (¡Uno! ¡Dos! e ¡Tré!) em termos de produção e a intenção lírica e também me pareceu uma releitura de canções como "The Grouch" e "All The Time", a partir de seu registro de 1997, no disco Nimrod.

🎧 ''Still Breathing'' é a faixa que apresenta uma bela composição do Armstrong.  É um excelente hino de esperança, que narra simplesmente a trajetória de batalha e superação de um viciado à beira da morte, um jogador prestes a perder tudo e um soldado ferido na linha de frente. E um coro que celebra o fato de viver. 'Cause I'm still breathing' 'Cause I'm still breathing on my own' (Porque eu ainda estou respirando /Eu ainda estou respirando por conta própria).


🎧 "Youngblood" é a faixa que apresenta uma batida e melodia típicas do power-pop com uma letra de amor e paixão adolescente. É uma canção com bastante repetição, mas é sobre amor e ao mesmo tempo agressiva, apesar de soar muito mais otimista e positiva do que a maioria dos trabalhos no catálogo da banda.

🎧 “Too Dumb To Die” é uma faixa que tem uma introdução lenta e uma progressão mel odica e acorde que poderia se encaixar perfeitamente no disco Dookie. A composição do Armstrong soa um pouco biográfica quando o mesmo diz: “I was a high school atom bomb,” “going off on the weekends/ Smoking dope and mowing lawns/And I hated all the new trends … I’m hanging on a dream that’s too dumb to die.”  (Eu era uma bomba atômica na escola, ao sair nos fins de semana / fumar maconha e cortando gramados / e eu odiava todas as novas tendências ... Eu estou pendurado em um sonho que é burro demais para morrer).

🎧 "Troubled Times" é uma das melhores faixas, o ritmo e melodia são primordiais , riffs e solos que te conquistam facilmente. A canção é uma reflexão que apresenta um mundo na beira do desastre, cheio de inquietação racial e desigualdade econômica. Tudo simbolicamente na repetição dos versos: ''We live in troubled times'' (Nós vivemos em tempos difíceis).

🎧 "Forever Now" é uma faixa que divide-se me três partes, mesma fórmula de ''Jesus of Suburbia'' e seria até então, a canção que fecharia o disco. No entanto, Ordinary World foi adicionado ao final, porque Armstrong gostou da música e sentiu que ela deveria ser incluída. A canção reforça mais uma vez a primeira faixa do disco, Somewhere Now, que se torna tema de fundo e casa perfeitamente nas estrofes e melodias,

🎧 “Ordinary World” é a última faixa do disco, uma balada acústica escrita no estilo clássico como em "Blowin 'In The Wind" do Bob Dylan. Apresenta versos compostos de perguntas deixada sem resposta, e proporciona uma atmosfera otimista para fechar o disco.

Revolution Radio é um disco em que o Green Day se redime pelos erros do passado e faz uma excelente seleção de faixas memoráveis e que conotam uma pequena homenagem na história e na carreira da banda, quase um tributo de suas obras, com uma obra que nunca será esquecida.

Ouça bem: Bang Bang, Revolution Radio, Still Breathing e Troubled Times.
Para quem gosta de: Blink 182, Bad Religion e Sun 41

Victor Luís | @_victo
Victor Luís | @_victo

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