Foto: Bingo: O Rei das Manhãs - WarnerBros. Pictures |
O cinema nacional também é pop! Com o seu primeiro longa metragem em cartaz: "Bingo: O Rei das Manhãs", o ex-montador e editor de filmes - Daniel Rezende, constrói uma excelente obra com uma narrativa sobre a vida do Arlindo Barreto, o primeiro ator a interpretar o palhaço Bozo (fenômeno de audiência na TV americana) desde a sua ascensão a sua queda, e até hoje é memorizado e imortalizado como um dos maiores fenômenos da TV brasileira nos anos 80. Por conta de direitos autorais e maior licença poética, os nomes foram alterados de Arlindo para Augusto e de Bozo para Bingo.
O lado irreverente do palhaço que cativou o público, principalmente das crianças é colocado como plano de fundo no filme que diante da sua ousadia e criatividade tornaram o seu programa primeiro lugar de audiência (ultrapassando a Mundial - uma referência explicita da Globo). Augusto Mendes (Vladimir Brichta) um ex-ator de filmes de pornochanchadas que sonha em ser protagonista de novela ou um grande astro da TV, porém sua vida agitada de testes e noitadas o afasta do seu filho Gabriel (Cauã Martins).
Avaliação do Crítico: ★★★★ 4,0 de 5,0 |Muito Bom| |
O filme traz inúmeras referências da televisão nos anos oitenta, e inclusive se destaca em retratar isso fielmente, até o aviso da necessidade de regular o televisor para assistir corretamente a transmissão. Quando se pensa no turbilhão criado na época não se tratava apenas da ousadia de um personagem, mas uma sociedade construída por contradições e que se alimentava vorazmente disso. Rezende havia trabalhado em longas como ''Cidade de Deus'', ''Tropa de Elite'', ''Ensaio sobre a cegueira'' e ''A árvore da vida'', mas em seu próprio longa criou uma montagem inovadora e criativa, porém seus planos sequências lembram outro filme - vencedor de oscar - por usar do mesmo recurso na construção de um artista, o''Birdman''. Um dos destaques do filme é a entrega da atuação do Vladimir Brichta com seu carisma, empatia e dedicação ao personagem que em vários momentos ficamos extasiados por sua performance que mescla humor e drama sem mesmo perder o foco.
Apesar de não se tratar de um filme biográfico fiel, nota-se que a produção, principalmente da direção de arte, propôs uma atmosfera única e especial para o novo cinema nacional, ou seja, resgatar algo característico da cultura pop do Brasil, com a figura do Bozo. Assim como Resende propõe a desvendar o nosso imaginativo em relação ao que se passa por trás das câmaras de um programa de tv. O longa é uma obra que conquista por transparecer algo que parecia esquecido no imaginário dos brasileiros, assim como cria uma sensação de nostalgia com as músicas, como os comerciais e com os objetos, mesmo que tudo isso seja apenas uma figuração para uma história densa sobre um homem viciado em drogas e álcool que fez de tudo para consolidar sua carreira, mesmo no anonimato - dando créditos apenas a seu personagem da tv.
Ficha Técnica:
Direção: Daniel Rezende
Produção: Gullane Filmes
Roteiro: Luiz Bolognesi
Elenco: Vladimir Brichta, Leandra Leal, Emanuelle Araújo, Tainá Müller Domingos Montagner, Ana Lúcia Torre, Augusto Madeira e Pedro Bial.
Gênero: Drama
Direção de arte: Cassio Amarante
Distribuição: Warner Bros.
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