Toda Luz Que Não Podemos Ver


Oláá, tudo bem? A dica de hoje é do livro que foi, sem sombra de dúvidas, o melhor que li no ano passado, entrando na lista dos meus favoritos da vida, Toda Luz Que Não Podemos Ver, do americano Anthony Doerr, publicado pela editora Intrínseca e obra vencedora do prêmio Pulitzer de melhor ficção em 2015.

Imagem Estante Da Rai


O livro conta a história de Marie-Laure e seu pai, que é chaveiro do Museu de História Natural de Paris. Aos 6 anos, a menina fica cega e o pai constrói uma maquete em miniatura do bairro onde moram para que ela seja capaz de memorizar os caminhos. Na ocupação nazista em Paris, pai e filha fogem para a cidade de Saint-Malo e levam consigo o que talvez seja o mais valioso tesouro do museu. 

Em uma região de minas na Alemanha, o órfão Werner cresce com a irmã mais nova, encantado pelo rádio que certo dia encontram em uma pilha de lixo. Com a prática, acaba se tornando especialista no aparelho, talento que lhe vale uma vaga em uma escola nazista e, logo depois, uma missão especial: descobrir a fonte das transmissões de rádio responsáveis pela chegada dos Aliados na Normandia.

Os protagonistas, Marie-Laure e Werner, têm histórias que coincidem em diversos pontos. Ambos são sonhadores, curiosos, com sede de conhecimento. Marie tem à sua disposição um mundo inteiro a ser explorado dentro do museu no qual trabalha seu pai, ela faz o melhor uso das ferramentas que tem, suas mãos, ouvidos e, principalmente, sua imaginação. Em sua cabeça, a menina via o mundo imerso em um mar de luzes e cores.

Werner, mesmo sem conhecê-la, deseja enxergar esse mundo como a Marie vê. Ele é um menino muito inteligente e apaixonado por física e matemática, e gostaria de ver as ondas de som e luz como linhas de cor pelo ar. Ele sonha em sair da cidadezinha onde vive, ir para Berlim e estudar engenharia, pois sabe que lá seu único destino é trabalhar nas minas de carvão, onde morreu seu pai. Mas a guerra começa e Werner descobre que sua vida não lhe pertence, ele entende que para realizar seu grande sonho de estudar, terá que fazer escolhas que desafiam suas convicções. A guerra começa e Marie percebe que o mundo que ela tinha ao alcance das mãos já não existe mais.

“O cérebro, obviamente está fechado em escuridão total, crianças! Ele flutua em um líquido claro dentro do crânio, nunca na luz. No entanto, o mundo que constrói na mente é repleto de luz. Ele transborda cores e movimento. Então crianças, como o cérebro, que vive sem uma centelha de luz, constrói para nós um mundo tão iluminado?” Doerr, Anthony. Toda Luz Que Não Podemos Ver, pg. 55. 

Em capítulos curtos e bem escritos, intercala o presente, 1944 – véspera do Dia D, com flashbacks que acompanham o amadurecimento físico e, sobretudo, psicológico dos protagonistas até o momento em que finalmente se cruzam (tenho que dizer que esperei ansiosamente por esse momento), descrevendo como a vida das pessoas foi mudando com o início e no decorrer da guerra, fora daquela visão simples de "mocinhos e vilões".

O enredo não apresenta “mais do mesmo” em se tratando de histórias ambientadas na Segunda Guerra Mundial, a obra tem uma história única, tocante, elegante e bem escrita, com descrições físicas detalhadas e metáforas sutis, carregadas de emoção. Ao final da leitura fiquei pensando em como uma centelha de luz pode transformar até as coisas ou as situações mais tenebrosas e como, na verdade, nós não temos ideia do alcance das nossas ações e como, muitas vezes os bons ventos que espalhamos tomam proporções inimagináveis, retornam para nós das maneiras mais inesperadas.

Espero que tenham gostado da dica! Até semana que vem! 

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