Um Estudo em Vermelho

Oláá, tudo bem com vocês? Seguindo a nossa temática vermelha dessa semana, a obra que eu indico a vocês marca o nascimento de uma lenda, essa foi a história na qual Sir Arthur Conan Doyle apresentou ao mundo o melhor detetive da ficção e acredito que o primeiro a surgir no inconsciente coletivo quando se fala em livros de mistério.

Fonte: Editora Zahar

Um Estudo em Vermelho, foi originalmente publicado em novembro de 1887, como parte integrante do folhetim lonrino Beeton’s Christmas Annual, após ter sua publicação recusada por três editoras (prova de que os gênios são mesmo incompreendidos em seu próprio tempo rsrs); finalmente em julho do ano seguinte a obra foi publicada como um livro autônomo, com ilustrações de Charles Doyle, pai do autor, intitulado como “Reminiscências do Dr. John H. Watson”. Existem diversas edições desse livro, mas a que eu li foi a versão digital (e-book) da coleção Clássicos da Editora Zahar, lançada em 2013, que conta com o texto integral e cerca de 30 ilustrações originais.

A primeira parte da história recebe o título de “Reimpressão das memórias do Dr. John H. Watson, ex-membro do Departamento Médico do Exército”, é narrada em primeira pessoa pelo nosso querido Watson e nos conta um pouco como foi seu tempo no exército, sua volta para casa, chegando até seu primeiro encontro com Sherlock, senti que essa foi uma boa introdução para Holmes e seus maneirismos.

Eu aplaudo Doyle, pois ele estabelece as bases para o que se tornariam dois personagens idiossincráticos e memoráveis. Há algumas excelentes observações sarcásticas na obra, e muito mais ação do que o normal para o período, que também é um ponto interessante e que se destaca.

Capa da primeira edição. Fonte: Camden House

A parceria de Sherlock Holmes e Dr. Watson começa quando um homem morto é descoberto em um quarto manchado de sangue em Brixton. As únicas pistas são um anel de casamento, um relógio de ouro, uma edição de bolso do Decameron de Boccaccio e uma palavra rabiscada em sangue na parede. A busca pelo assassino descobre uma história de amor e vingança. Mas, tenho que admitir que gostei mais da introdução ao Sherlock e seus métodos peculiares do que do mistério em si.

A segunda parte do livro, “A Terra dos Santos”, parecia se tratar de um livro totalmente diferente (apesar de ter uma ligação com a primeira parte), a história é transportada para o estado americano de Utah no meio de uma comunidade Mórmon (como são conhecidos os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias) e demonstra bem como os ingleses daquela época viam a Igreja e seus membros (uma visão equivocada, que muita gente até hoje meio que guarda, sem nem conhecer – mas não estamos aqui pra falar de preconceitos religiosos rsrs); essa parte, na minha humilde opinião, poderia estar fora do livro sem prejuízos.

Mas, voltando às partes boas, ver a primeira reunião de Holmes e Watson foi um dos destaques do livro, assim como ver como a amizade dos dois cresce e se desenvolve, o Sherlock tentar manter o Watson afastado, mas não tanto, é bem divertido e intrigante, nos dando um bom vislumbre da personalidade de ambos.

Essa história foi adaptada como piloto da série de tv Sherlock, produzida pela BBC desde 2010, estrelada por Benedict Cumberbatch e Martin Freeman, sofrendo algumas adaptações a exemplo do título, que virou “Um Estudo em Rosa”, mas nada que estragasse a história, agora que finalmente li o original, achei o roteiro até bem fiel. 

Foi uma leitura rápida e envolvente, a escrita de Conan Doyle mantém todos os elementos bem equilibrados, narrações, diálogos e caracterizações, deixando a história bem visual. Não é atoa que as aventuras do detetive Sherlock Holmes e seu fiel parceiro e amigo Watson representam a mais bem-sucedida série de histórias já publicada. 

Esse foi um vermelho que mudou a literatura, pra quem se interessou é só clicar aqui pra ler um trecho. ;)

Espero que tenham gostado de mais essa dica! Deixa aí um comentário dizendo o que achou da coluna ou contando sua experiência com Sherlock, caso já tenha lido.