Globo de luz e discos arranhados.


Em algum momento durante o final dos anos 70 o movimento Disco dividiu o espaço de sucesso com o hip hop, The Get Down, a série original mais cara da Netflix, The Get Down teve seu lançamento no dia 12 de agosto com 6 episódios em sua primeira parte.


Em um Bronx extremamente violento, um grupo de amigos decide aproveitar a oportunidade e se aventurar no universo do hip hop. Do outro lado a doce filha do pastor, criado no coral da igreja do pai, reúne as amigas para irem em busca do seu sonho de Diva da Disco!
Além de um elenco muito bem escolhido para a trama, existe uma boa lista de consultores especiais como o DJ Grandmaster Flash e o historiador Nelson George.



Uma das melhores coisas de The Get Down é a trilha sonora, entre clássicos da disco music e do hip hop, muitas faixas de artistas atuais entram na lista como Christina Aguilera e Zayn Malik, parte do elenco também aparece na trilha como Justice Smith que interpreta Zeke e teve seu poema transformado em música, e é claro a música tema de Get Down que fica por conta de Janden Smith.


*mini alerta de spoiler*

Assim como fez em Moulin Rouge, o co-criador Baz Luhrmann, já nos deixa sabendo parte do resultado final de toda a trama logo no início, Zeke é uma espécie de narrador dos episódios. Tudo começa com um Ezekiel mais velho e dominando seu próprio palco, durante o show ele conta como chegou onde está e suas músicas servem de introdução aos episódios e também como explicação rápida para alguns pontos.

O elenco é realmente muito bom, mas eu preciso falar do casal principal. Justice me deixou muito feliz, mas confesso que tive minhas dúvidas sobre a Herizen. Zeke e Mylene são o clássico casal que se conhece desde a infância, e depois de alguns movimentos o cara finalmente decide se declarar. É um clichê, mas funciona e pode ser bem trabalhado, no começo eu não consegui ver muita química entre os dois, Mylene é meio chata, vive com a cabeça na disco music e detesta a ligação de Zeke com o universo do hip hop, mas tem um determinado momento que os dois começam a funcionar, eu realmente fiquei esperançosa sobre o destino dos dois na segunda parte da série.



Os produtores possuem um objetivo claro, que na minha opinião foi conquistado, de honrar a disco music e o movimento hip hop, mas também existe um lado cultural apresentado na produção que é muito interessante: o grafite.

Grafitar é uma arte contraditória, pessoas amam e odeiam, arte ou vandalismo, talento ou falta do que fazer... The Get Down traz uma visão muito boa disso tudo, muros de construções abandonadas e destruídas, túneis e vagões, são grandes telas que ganham cores e mensagens fortes. Essa arte, especialmente nos vagões do metrô, se tornam muito importantes para algumas cenas, como em um grande discurso de Zeke, no qual ele se sente obrigado a mentir sobre seus ideais e ao ver uma dessas artes passando ganha inspiração para mudar o rumo de algumas coisas.


O poder da música é muito bem trabalhado na série, tanto pelo The Get Down Brothers como por Mylene e suas amigas, que conseguem realizar o sonho de liberdade da disco music sem se afastar muito de sua raiz na música gospel.

Uma coisa me deixou levemente chateada em The Get Down. Há muito tempo atrás eu conheci um filme chamado The Warriors e acabei me encantando pelo personagem Rembrandt, interpretado pelo Marcelino Sanchez. O episódio piloto da série me fez lembrar completamente de Rembrandt, ele era o artista, doce e romântico da gangue do Warriors e Dizzee e Zeke só podem ser descendentes diretos dele.




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