Aragão nasceu em 1977, com a
carreira de mágico e dono de cinema do pai, o garoto cresceu no meio de
efeitos, truques visuais e maquiagens, aos 14 anos já possui um caderno para
storyboard(roteiro visual) e brincava com os amigos com pegadinhas utilizando
farinha de trigo e tinta guache. Não é
difícil imaginar de onde ele tirou inspiração para definir a carreira, que teve
sua escolha definitiva após o lançamento da primeira versão MARAVILHOSA
de A Morte do Demônio (1981). Com 17 anos já estava ativo no mercado do terror
“lado B”, tem seu nome como responsável pela maquiagem em dois curtas (A Lenda de Proitner/Vampicida) antes de completar 21 anos.
Tendo suas maiores produções
realizadas na cidade de Guarapari (ES), local onde nasceu, são mais de 20 peças
para teatro, 15 curtas, 1 espetáculo itinerante, longas-metragens, oficinas e
premiações. Especialista em efeitos especiais e maquiagem, também desenvolve
mascaras, bonecos, miniaturas e esculturas para suas produções. Aragão não se
preocupa muito com o orçamento utilizado, consegue realizar trabalhos fantásticos
com o material que já possui, sem gastar muito.
Após realizar alguns curtas, ele
expandiu seus projetos para filmes. Tem como primeiro longa Mangue Negro (2008), considerado uma boa crítica ao descuido ambiental dos dias de hoje,
utilizando como tema central zumbis, seguido por A Noite do Chupacabras (2011)
e Mar Negro (2013) e um novo projeto para lançamento em 2017 e roteiros para TV.
Aragão também é um dos responsáveis por As Fábulas Negras, filme que traz 5
histórias diferentes e aterrorizantes contadas por um grupo de meninos em meio
as brincadeiras, cada uma ganhou um diretor especial reconhecido no cenário do
terror nacional: Rodrigo Aragão (Crônicas do Esgoto e A Casa de Iara) / Petter
Baiestorf (Pampa Feroz) / José Mojica aka Zé do Caixão (O Saci) / Joel
Caetano (A Loira do Banheiro).
Por mais estranho que possa parecer
talvez nem tanto, nenhuma das produções de Aragão possuiu incentivos financeiros
do governo, são produções independentes com orçamento baixo e verbas coletadas
através de amigos e conversas diretas de Rodrigo com algumas empresas. Apesar
de ter conseguido realizar trabalhos fabulosos até agora, o cineasta admite que
uma melhoria no equipamento, estrutura e calendário pode ser bastante útil. Para
os próximos projetos ele está tentando este apoio que considerando o atual cenário
está um pouco mais complicado de sair.
Rodrigo é reconhecidamente um
grande nome no cenário de terror/ trash nacional. Tido pelo próprio José Mojica,
mestre do estilo, como o herdeiro mais talentoso de suas obras, o diretor
também ganhou o título de Mosntrólogo Brasileiro, do irreverente Pedro de Lara,
em 2004.
Histórias e cenários tipicamente brasileiros,
baseados em lendas populares, folclore e personagens comuns na área do Perocão,
local onde realiza as gravações fazem parte das obras de Rodrigo, mas por trás
de todo banho de sangue e cenas assustadoras, existe uma preocupação consciente
com o meio ambiente e valores humanos, elementos que estão se perdendo aos
poucos com o passar dos anos.
Uma das principais características
de Aragão é a ausência do uso exagerado de recursos digitais visto na maioria
das produções atuais é evidente, o artista geralmente dá preferência para
trabalhos manuais e atuações reais. Sangue falso, gosma caseira, máscaras e
estruturas corporais feitas em látex e alguns materiais pouco comuns como massa
de modelar, sacos plásticos e polvilho. O elenco base dos filmes também é um
ponto super interessante, amigos, voluntários, moradores locais, além de Mayra
Alarcón (esposa) e Carolina Aragão (filha).
Tive a felicidade de assistir uma
palestra de Aragão na última edição do, infelizmente extinto, HQ Festival em
Aracaju. Além de uma boa conversa, que também contou com Carlos Ruas (Um Sábado Qualquer) e ótimas dicas para os interessados no gênero, o público também pode
conferir a primeira exibição na ragião norte/nordeste do filme A Noite do Chupacabra na telona. É realmente
espantoso o talento de Rodrigo como artista, cineasta e autor, e incompreensível
talvez nem tanto ² o fato dele ter mais reconhecimento no exterior do
que dentro de casa. O terror brasileiro tem um potencial enorme, porém a falta
de reconhecimento do grande público e produtoras parece desestimular as
produções.
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