RESENHA: Lady Gaga mostra diversidade de estilos em seu disco ''Joanne''

Foto: Divulgação | +Lady Gaga

Lady Gaga é uma artista que não passa despercebida dos holofotes, não só pelas lembranças de uma carreira que iniciou extravagante com todos aqueles figurinos tendenciosos, batidas eletrônicas contagiantes e refrões inesquecíveis que conquistaram toda uma geração como também a conquista de prêmios importantes como Grammy e Globo de ouro.

Nascida e criada em Manhattan (Nova York/Estados Unidos), Stefani Joanne Angelina Germanotta sempre teve uma ligação com artes, estudou na Tisch School of Arts da Universidade de Nova York e desde cedo sempre mostrou conhecimento e vontade de gravar em estúdio. O primeiro contrato com uma gravadora foi em 2007 com a Streamline Records, um selo da Interscope Records. Gaga ganhou preponderância como artista após o lançamento do seu disco de estúdio de estreia, intitulado The Fame, em 2008. O disco exaltou seu sucesso a nível crítico e comercial, e atingiu a primeira posição em países como o Reino Unido, Canadá, Áustria, Alemanha e Irlanda, enquanto nos Estados Unidos alcançou a posição máxima da segunda posição na Billboard 200. 

As canções "Just Dance" e "Poker Face", co-escritas e produzidas pelo produtor RedOne, rapidamente tornaram-se sucessos internacionais e atingiram a primeira posição da Billboard 100 nos EUA, bem como em vários outros países. O disco, subsequentemente, conseguiu um total de sete indicações e dois prêmios nos Grammy Awards, e em 2009 ganhou um extend play (EP)  intitulado de The Fame Monster, que contém os êxitos internacionais "Bad Romance", "Telephone" e "Alejandro".

O seu terceiro disco de estúdio, Born This Way, lançado em 2011 e vendeu 2,2 milhões de cópias nos Estados Unidos e 8 milhões mundialmente. Além disso, protagonizaram singles como "Born This Way", "Judas" e "The Edge of Glory", que tornaram-se sucessos mundiais.  Entretanto, Artpop, seu quarto disco de estúdio , lançado em novembro de 2013 alcançou a primeira posição nos Estados Unidos, apesar da promoção massiva do disco em apresentações e clipes que aproximavam a artista entre todas as formas de criar arte, porém nada pareceu genuíno dando a sensação de que a proposta poderia ter sido melhor executada, mas singles como G.U.Y. (Girl Under You), Do What U Want e Applause representam satisfatoriamente todo o conceito do material. 
Nota do Ilustres
4.5 de 5 estrelas.4.5 de 5 estrelas.4.5 de 5 estrelas.
3,5 de 5

Joanne (Interscope Records/2016) é o quinto disco de estúdio da Lady Gaga. Nomes como Mark Ronson, BloodPop, Josh Homme, Jeff Bhasker, Beck, Kevin Parker e Josh Tillman assinam a sua produção. É o trabalho mais vulnerável e pessoal da artista que incorpora a ''Joanne'', nome de sua tia e de quem herdou o segundo nome de batismo, que faleceu aos 19 anos vítima da doença de Lúpus (doença que também acomete a Gaga) que tinha forte envolvimento artístico e deixou seu legado sendo a maior inspiração familiar da cantora. A ligação entre as duas estabelece todo o conceito da obra, desde a capa minimalista ao chapéu rosa e botas de cowboy como uma transformação de um alter-ego de sua tia, que sem dúvidas, representa muito na vida da artista que não teve a oportunidade de conhece-la. O disco abraça o gênero do country como elemento principal que combina perfeitamente ao seu timbre. Entretanto, a obra investe com outros gêneros, como o rock que flerta ao alternativo em Perfect Ilusion, o reggaeton em Dancin' in Circles, synyh-funk em Hey Girl e o jazz com Come to Mama.



🎧 ''Diamond Heart'' é a faixa que abre o disco e tem elementos de rock com riffs do Josh Homme do Queens Stone of Age, porém escondidos a meio do peso de sintetizadores que dá mais transparência ao pop. Os vocais da Gaga nos minutos inciais da canção lembram o da Dolly Parton.

🎧 ''A-YO'' é a faixa mais radiofônica  do disco com beats que remetem a hits tendenciosos a exemplo de ''Shake it Off'' da Taylor Swift, porém com metais e uma mãozinha do produtor vintage Mark Ronson que colabora com os riffs e solos de guitarra.

🎧 ''Joanne'' a faixa-título é sem dúvidas a canção mais tocante da carreira da cantora, não só por se apresentar vocais frágeis, mas a total simplicidade da melodia. Todo esse sentimento exposto na canção é reflexo da conexão da Gaga com sua tia.

🎧 ''John Wayne'' é outra faixa dançante, com batidas que remente mesclar o country ao pop. O título da faixa referencia o ícone ator americano John Wayne como um símbolo para o tipo de "homem selvagem", personalidade tipo cowboy que ela romanticamente anseia.

🎧 ''Dancin' In Circles'' é a faixa que abraça a vibe reggaeton e rca, e apresenta uma Gaga que conhecemos  bem com suas intercalações de vocais, backvocals parecidos com algo visto nos primeiros discos. Tem a produção do elogiado artista Beck mas não tem a cara dele.

🎧 ''Perfect Illusion'' é o primeiro single, que não agradou a todos desde o seu lançamento, mas no conceito do disco parece coeso, por ser uma canção com bases orgânicas e os vocais da Gaga que exploram uma vibe rock. Tem a colaboração do Kevin Parker, responsável pelas batidas e instrumentalização da faixa, além da dobradinha da guitarra do Josh Homme e do Mark Ronson. A canção fala sobre basicamente de ''Não era amor, era cilada'', brincadeira, é sobre um romance aparentemente impecável que acabou por não representar absolutamente nada.


🎧 ''Million Reasons'' é a faixa escolhida para ser o segundo single. É uma balada poderosa e rica no quesito ''sentimentalismo'' que se apropria de elementos country como sua base. Ao longo de uma melodia no piano suave, Gaga se transforma em uma de suas performances mais importantes e mais vulneráveis ​​de sua carreira. A composição juntamente com a talentosa Hillary Lindsey é sobre o drama...

🎧 ''Sinner's Prayer'' é a faixa mais country do disco, com uma linha de baixo envolvente e absolutamente pop. Tem a excelente colaboração do cancioneiro John Misty. Além disso, narra uma história revigorante sobre amor e perda que se sente tão pessoal como se a própria Gaga vivenciou de fato isso. 

🎧 ''Come to Mama'' é a faixa que desliga tudo de country, rock e pop visto anteriormente e se joga no jazz, um gênero que a Gaga já conhece bem e que desfrutou sendo aprendiz do mestre Tony Bennet no Cheek to Cheek.  A batida nostálgica dos anos 70 é a força da canção, além da presença de um saxofone forte no refrão que é o suficiente para transforma-la em uma canção simbólica onde ela iguala o mundo em uma distopia que precisa se unir em solidariedade.

🎧 ''Hey Girl'' é a faixa que tem a colaboração da Florence Welch do grupo Florence + The Machine que traz um estilo único de synyh-funk em sua melodia aos moldes do Prince porém engajado a uma letra feminista em um dueto entre as artistas. Soa muito bem e perfeitinho até que você descobre a semelhança com a canção ''Jennie and the Jets'' do  Elton John é absolutamente notável. 

🎧 ''Angel Down'' é a ultima faixa do disco na sua versão standard, parece claramente uma composição da Florence Welch, porém não é, que incrementa com o som de harpas e até um distorcido canto gregoriano ao fundo. Uma belíssima canção que simboliza liricamente em defesa ao movimento Black Lives Matter, após o trágico assassinato do adolescente afro-americano Trayvon Martin em 2012. Trayvon, andava desarmado e foi morto por George Zimmerman, um capitão de vigilância. O caso foi amplamente divulgado, e instigado debates sobre o racismo, as leis de auto-defesa e controle de armas.

🎧 '' Grigo Girls'' é uma faixa presente na versão deluxe do disco. Uma balada muito pessoal sobre Sonja Dunham, amiga de Lady Gaga e diretora do Haus of  da Gaga, que está lutando contra o câncer. A canção apresenta a cantora mudando o tom de voz para fazer um impacto ainda mais forte com uma base limpa no violão.

🎧 ''Just Another Day'' é supostamente a última canção do disco em sua versão deluxe. É provavelmente a canção mais glam-pop da carreira da artista e camuflada de uma excelente melodia de jazz com os trompetes afinados do Brian Newman. Além disso, a canção tem uma vibe de canções dos Beatles, que sem dúvidas, foi uma das referências para a sua composição.

Ouça Bem: Joanne, Come to Mama, Hey Girl e Just Another Day.

Para quem curte: Ariana Grande, Christina Aguilera e Gwen Stefani.

''Joanne'' apresenta uma Lady Gaga decidida a apostar em novos gêneros musicais de forma que arduamente prove o seu talento, seja no potencial vocal e intocável ou a sua simplicidade nas melodias notórias em algumas faixas quanto a ousadia de entrar em caminhos mais intrigantes e ameaçadores para o gosto exigente dos seus litlle monsters.

Victor Luís | @_victo
Victor Luís | @_victo

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