The Crown

Divulgação Netflix Brasil


Da leva de séries inéditas lançadas pelo Netflix, The Crown está entre as melhores. Produção da Sony Pictures em parceria com a Left Bank Pictures (responsável também pela produção de outro grande sucesso, Outlander).

Apesar de ser um pouco suspeita para falar, pois as séries britânicas e mais ainda as históricas, são totalmente “my cup of tea”, como eles mesmos diriam, as críticas a ela foram excelentes.

The Crown conta a vida da rainha Elizabeth II desde seu casamento em 1947 até os dias atuais. Nessa primeira temporada, de 10 episódios, descreve os eventos da sua vida até 1955, com Claire Foy interpretando a rainha, cada temporada promete cobrir uma década da sua vida.

Divulgação Netflix
A primeira temporada começa em 1947, com episódios cheios de drama e emoção, incluindo o casamento da então princesa Elizabeth, a morte prematura do rei Jorge VI, uma nação em luto, a rainha Elizabeth que ascende ao trono com apenas 25 anos e um envelhecido Churchill como seu Primeiro Ministro, enquanto a Grã-Bretanha e a monarquia estão em declínio pós-guerra.


É um retrato de uma família extraordinária, um comentário inteligente sobre os efeitos da ‘realeza’ em suas vidas pessoais e um relato fascinante da Grã-Bretanha do pós-guerra, tudo junto. Esta é a Casa de Windsor sob o microscópio, analisada com detalhes forenses para que você adquira um retrato psicológico agudo de cada personagem.

O criador da série, Peter Morgan (que já conta com filmes intensamente pesquisados no currículo, entre os quais filmes que humanizam ícones históricos como The Queen e Frost/Nixon), criou a The Crown enquanto escrevia The Audience, sua premiada peça de teatro com o Tony Award em 2015, estrelada por Helen Mirren, sobre as "audiências" semanais que a Rainha Elizabeth tem com seus primeiros-ministros durante todo seu reinado.

Para mim, esse é o grande marco da série: a humanização da Elizabeth. Seus dilemas entre dever e vontade pessoal, a mulher e a rainha. Ela é feminina, mas resistente, está nervosa sobre a perspectiva de se tornar Rainha da Inglaterra, mas determinada a levar seu destino a sério. Vemos esses conflitos acontecendo em vários momentos durante a temporada e são conduzidos com maestria.

Matt Smith e Claire Foy - Philip e Elizabeth no seu casamento
De uma maneira geral as atuações são muito boas, destaque para Jared Harris, que tornou o rei George VI sério e pensativo, um pai apaixonado, mas um monarca duro e destaque também para Matt Smith (Doctor Who), que interpreta o Principe Philip, com uma interpretação que atribui uma humanidade real ao personagem, Smith construiu um Philip simpático, protetor com a esposa, cortês com os servos, mas também soube demonstrar que, apesar de nutrir um grande respeito pela família que o acolheu, sua relação com a monarquia nem sempre foi de flores.

Na verdade, a série como um todo tem o grande mérito de mostrar as imperfeições por trás da família real mais famosa do planeta, mostrando a nós, plebeus não britânicos, os valores culturais que fazem os ingleses viverem numa monarquia e adorá-los tanto.
John Lithgow, como Winston Churchill

A fotografia é deslumbrante, os figurinos e cenários, aliados a um roteiro, direção e produção excelentes, formam um conjunto de peças extraordinário. Valeu a pena cada centavo do orçamento de 100 milhões de dólares da produção. Rendendo indicações ao Globo de Ouro, Screen Actors Guild e ao Critic’s Choice Television Awards (no qual John Lithgow, que interpreta Winston Churchill, levou merecidamente o prêmio de melhor ator coadjuvante – alguns dos melhores diálogos da série são protagonizados por ele).

Agora é só aguardar com ansiedade o que a segunda temporada nos trará.






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