História
Nessa mesma data, em 1857, em Nova York, cerca de 130 operárias que lutavam por seus direitos de equiparação salarial, redução da carga horária de trabalho, entre outras questões do seu trabalho, foram mortas carbonizadas na fábrica em que trabalhavam. Em 1910, na Dinamarca, foi instaurado que o dia 8 de março seria a comemoração ao dia da mulher, como homenagem as mulheres que foram mortas na fábrica. Porém, somente 65 anos depois, a ONU oficializou a data.
A data tem como motivo principal - além da homenagem - fazer com que haja um debate sobre o papel da mulher na sociedade. Os esforços são voltados para diminuição do preconceito e desvalorização da mulher, que sofre por viver numa sociedade com valores ainda muito machistas, sofre por ser tão ou mais qualificada que um homem e ter que receber um salário inferior, sofre por ser taxada de "sexo frágil", enquanto tem que ter e criar filhos, trabalhar e cuidar da casa.
Mulheres na música
Cansadas disso, muitas mulheres usaram a música para expressar seus sentimentos, e perceberam na música uma válvula de escape que fazia com que elas fossem ouvidas. Hoje, a mulher é uma parte imprescindível na industria musical, sendo as maiores artistas da música, as que possuem maior reconhecimento, aquelas que vendem e mantem "a roda da fortuna" musical, girando.
Mas mesmo na industria musical, as mulheres sentem na pele sua desvalorização. A pesquisadora britânica Julia Downes (que é doutora em estudos de gênero pela Universidade de Leeds), em seu livro "Women make noise", traz um pouco da história da música, focada nas mulheres e nos preconceitos que as mesmas sofreram e sofrem.
(Foto: Kesha chora no Tribunal / Divulgação)
Em uma entrevista ao jornal O Globo - que pode ser lida completa aqui - Julia explica um pouco das suas percepções: "Quando as mulheres assumem papéis normalmente reservados aos homens, isso inicialmente é visto como uma coisa anormal ou estranha. No pop, as mulheres podem exercer vários papéis, até mesmo o de liderança, mas quase sempre tendo que usar da sensualidade para se destacar. Em alguns casos, porém, como no rock e no punk, em que os homens usam a música para expressar sua masculinidade, essa troca de papéis pode ser realmente assustadora para alguns. E, se pensarmos em mulheres em cargos executivos em grandes gravadoras, isso então pode ser considerado uma declaração de guerra [...] Mas, quando essas barreiras são vencidas, lembramos que a música pode realmente ser um grande instrumento de mudanças."
Poderosas
Mesmo com todo esse preconceito que ainda é presente no meio musical, as artistas femininas mostram para que vieram. Em um relatório publicado no primeiro dia de 2016, o Spotify - maior site e app de stream de músicas no mundo - mostrou o "pussy power": Rihanna é a artista mais ouvida do Brasil e do mundo em 2015, com mais de 1 bilhão de execuções para 57 milhões de ouvintes. Mundialmente, a música mais executada foi "Lean On" do Major Lazer com os vocais da cantora MØ, enquanto a quinta música mais ouvida foi "Love Me Like You Do" da Ellie Goulding e o quinto álbum mais ouvido foi "Title" da Meghan Trainor.
(Foto: Taylor Swift em sua turnê /Divulgação)
Mas, com toda certeza, a artista que mostrou o poder feminino nesse último ano foi Adele: ela voltou com tudo no final do ano, bateu diversos recordes musicais e vendendo como água em todo o mundo. A cantora e sua gravadora optaram por deixá-la de fora das plataformas de stream, o que ajudou na enorme procura e, consequentemente, nos números exorbitantes de vendas que pudemos ver. Adele já vendeu 19 milhões de cópias do seu álbum mais recente chamado "25", com menos de 4 meses de lançamento. A revista "Fortune" apontou Adele como um dos melhores acontecimentos da industria fonográfica em 2015, dizendo ainda que apenas cinco artistas hoje realmente podem convencer o público a pagar por música, e elas são: Adele, Beyoncé, Rihanna, Katy Perry e Taylor Swift.
Falando em Taylor, ela foi a artista feminina que dominou as paradas com seu álbum e singles em 2015 - até o retorno da Adele - e além disso, teve a turnê mais lucrativa do mundo, segundo a Billboard, na frente do One Direction, U2 e Rolling Stones, entre outros. Além disso, podemos citar outros feitos de artistas femininas: Beyoncé e sua recente "Formation" que trouxe à tona a discussão sobre racismo na música, além de já ser um ícone do feminismo; Lady Gaga que foi tida como "morta" para a industria, e teve seu retorno triunfal sendo construído com apresentações magníficas no Oscar de 2015, SuperBowl, Grammy, além de sua atuação em American Horror Story que lhe rendeu um Globo de Ouro e de sua recente apresentação no Oscar 2016, onde apresentou a música "Till It Happens To You", que aborda o estupro de jovens nas universidades americanas. Inclusive, Lady Gaga está apoiando fortemente a Kesha no seu caso contra Dr. Luke (se ainda não sabe sobre esse caso, clique aqui).
Fizeram suas marcas
Estamos em um momento de desconstrução de paradigmas da sociedade, e perceber o quanto o machismo trouxe aspectos negativos para a sociedade, e estar aberto a entender o feminismo como um outro nome para "igualdade" entre os gêneros, é primordial.
Nesse 8 de março - e em todos os dias do ano, vamos ouvir nossas artistas femininas preferidas, vamos enaltecer as mulheres, vamos parabenizá-las, vamos apoiar a busca por seus direitos, vamos protegê-las, mas vamos, acima de tudo, perceber as mulheres como seres humanos que são, com emoções, com uma vida a ser vivida com dignidade e respeito. Se pararmos de ter uma visão machista, veremos como as mulheres foram, são e continuarão sendo primordiais não só para a música, mas toda e qualquer área que elas quiserem atuar, tendo feito sua marca na sociedade, de forma profunda e impossível de apagar. E como diria Inês Brasil: "Vamos nos amar, irmãos! Nós temos que ter carinho uns com os outros" (Rainha, não é mesmo?).
Bem, então é isso, minha gente. Espero ter feito uma reflexão válida <3
OBS: A playlist que criei para embalar o texto tem músicas das artistas que estão na foto da publicação, com músicas que foram citadas no texto ou não, como sucessos ou como músicas que falaram sobre ser forte e o poder feminino.
OBS: A playlist que criei para embalar o texto tem músicas das artistas que estão na foto da publicação, com músicas que foram citadas no texto ou não, como sucessos ou como músicas que falaram sobre ser forte e o poder feminino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante!
Seu comentário será visualizado por todos.