Ele Está de Volta

Estava em busca de um filme diferente, fora do circuito de Hollywood então que o Netflix me sugeriu a comédia alemã Ele Está de Volta, (Er Ist Wieder Da, 2015). 

Fonte Divulgação
Setenta anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler acorda num terreno baldio em Berlim no mesmo lugar onde ficava o seu bunker, sem saber o que aconteceu após o ano de 1945. Desabrigado e desamparado, Hitler começa a circular pela cidade, chegando até uma banca de revistas onde ao ler as notícias, vai interpretando tudo o que vê a partir de uma perspetiva nazista. 

Fonte: IMDB
No decorrer da história, apesar de todos o reconhecerem ninguém acredita que ele é o próprio Hitler, e sim um comediante. Então, ele encontra Fabian Sawatzki, um jornalista desesperado pela ameaça de demissão, que o transforma em personagem de vários vídeos cheios de comentários ácidos, furiosos e hilários (para muitos), tanto que tornam-se um enorme sucesso no YouTube, alçando-o ao estatuto de celebridade moderna, despertando o interesse de um canal de tv. 

Dando forma ao programa de tv, ambos começam a percorrer a Alemanha fazendo filmagens de situações cotidianas e entrevistas com as pessoas que encontram pelo caminho falando sobre os problemas atuais do país, entre outros, como o fato da Alemanha como um crescente destino para imigrantes parece desagradar a muitos. Essas entrevistas e o comportamento das pessoas a respeito de uma figura como Hitler, com tudo o que ele representou na história, revela uma daquelas verdades inconvenientes mas que precisam ser ditas.
"- Você é um monstro.
- Eu sou? Então é melhor você culpar também aqueles que elegeram esse monstro. Eles todos eram monstros? Não, eram pessoas normais... que escolheram eleger alguém diferente dos outros para confiarem o destino do seu país. O que quer fazer, Sawatzki? Impedir as eleições?
- Não, mas vou impedir você.
- Você nunca se perguntou por que as pessoas me seguem? Porque, no fundo, elas são como eu. Têm os mesmos princípios. [...] Você não vai se livrar de mim. Eu sou parte de você. De todos vocês."
Fonte Adorocinema
Além de revelar uma verdade inconveniente, o filme nos passa um relato preocupante: nosso tempo receberia Hitler de braços abertos. Pois, essas entrevistas foram feitas com pessoas reais e muitos daqueles que encontram com ele pelas ruas não são figurantes. O filme tem um misto de ficção e documentário. Confesso que quando soube dessa informação fiquei assustada com a possibilidade das pessoas ainda compartilharem esse tipo de pensamento de intolerância e em tal nível analfabetismo, a ponto da perspectiva da história se repetir ser real. Trazendo a nossa realidade, vemos aqui no Brasil muita gente frustrada com a realidade, culpando a democracia moderna e reproduzindo esse tipo de pensamento retrógrado.
"Estamos em 2014 e alguém chega a uma praça em Bayreuth, vestido como o Hitler, e ninguém vê nada de errado nisso. Só posso dizer que isso é péssimo para a Alemanha." 
Divulgação Editora Intrínseca
Mas sim, esse filme é uma comédia, uma sátira à sociedade. Inteligente, sagaz e sarcástica. Uma produção realmente ousada. Recomendo fortemente!

Obs: Um roteiro adaptado da obra literária homônima do escritor Timur Vermes, publicado aqui no Brasil pela editora Intrínseca.

Até a próxima!
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