"O que eu posso fazer? Eu amo LA"



Seguindo a definição de alguns dicionários, o Punk é um movimento artístico de contracultura ambientado em sua maioria no cenário urbano e possui uma forte base musical. É, principalmente, contra o autoritarismo e a favor da liberdade anárquica, entre outros pensamentos considerados revolucionários.

Los Punks apresenta a cena na região leste e central sul de Los Angeles, a área é considerada o gueto de LA, a população com poucos recursos, educação de má qualidade, altas taxas de criminalidade e uma forte presença de jovens independentes, boa parte deles por obrigação e não por escolha.



Uma das principais filosofias do movimento punk é a do FAÇA VOCÊ MESMO (DIY), e o documentário Los Punks – We Are All We Have é um forte exemplo disso. O projeto em si tem um aspecto independente, apesar da presença da empresa Vans bancando boa parte. A ideia surgiu durante as visitas da cineasta Angela Boatwright aos shows de garagem, mesmo com o apoio de uma pequena equipe ela foi aos eventos e fez a maior parte das filmagens sozinha. 



Com a ideia do faça você mesmo altamente presente, os shows acontecem nos quintais da região. Casas comuns, galpões comerciais, estúdios de tatuagem e nem sempre os donos desses locais são participantes do movimento punk, o que gera alguns problemas. Nesses momentos os promotores independentes desses eventos precisam tomar conta da situação, lidar com proprietários enfurecidos, polícia, e algumas vezes remanejar o evento, público e bandas para outro local rapidamente, além de controlar o pagamento na entrada e o ânimo dos frequentadores.

O documentário traz como destaques os vocalistas Alex (Psyk Ward) e Gary (Rhythmic Asylum), o vocalista e promotor Nacho (Corrupted Youth) e a promotora April de apenas 15 anos.


O movimento punk sempre foi marginalizado por seu aspecto independente e anarquista, o visual pesado e agressivo, as músicas com letras fortes e muito barulho. Isso pode ser uma causa ou uma consequência dos integrantes não gostarem de uma grande exposição na mídia. Em uma entrevista Angela conta que ela foi bem recebida na comunidade, mas que sempre existiu um pé atrás. Na opinião dela essa cultura precisa ser divulgada como forma de resistência, para que não suma aos poucos. Ela acredita que mesmo com os holofotes a cena continuará no universo underground, pois essa é a origem do movimento, mesmo com sucesso e uma possível popularização.


A equipe responsável pelo projeto conta com Angela Boatwright, a diretora e cineasta que fez seu nome registrando o cenário underground e pistas de skate. Agi Orsi, uma premiada e criativa produtora. O produtor executivo Doug Palladini, representando a Vans. Christine Triano como co-produtora e roteirista convidada. A brasileira Cecy Rangel como co-produtora. E a edição ficou nas mãos de Tyler Hubby.

Além de destacar o “punk de quintal”, o documentário mostra um lado família dessa galera, são jovens muitas vezes excluídos da sociedade ou da própria família, com problemas e passados em comum que acabam se unindo. Mesmo com esse aspecto violento, em alguns momentos, é muito fácil de ver a união que existe entre público, promotores e bandas. Artistas que dificilmente imaginaram o tamanho do sucesso que alcançariam, fãs cantando as letras deles, participando do momento com uma vontade real de estar ali por eles. Um dos momentos mais legais, na minha opinião, é quando os rapazes da Corrupted Youth são convidados para abrir o show da The Casualties, que é uma banda veterana tida como heróis por eles. 


Eu particularmente gosto muito dos documentários produzidos pela Vans, apesar de patrocinadores eles fogem da ideia comercial de vender um produto, estão normalmente mais interessados em contar a história. A Vans e boa parte dessa galera também é responsável pelo Dogtown and Z-­Boys, um dos documentários que eu mais curto sobre o universo do skate e surf.


"Nós somos tudo que temos hoje
Todas estas alegrias e tristezas
De bom grado, infelizmente, trago
Essa música é tudo o que temos
O único lugar que eu preciso
É bebendo aqui esta noite
Junto com todos vocês"


(We Are All We Have -The Casualties)


Unknown
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