Colegial, fita cassete, clube de
teatro, clube do vídeo, primeiro amor, primeiro amor lésbico, primeiros beijos,
amigos 4ever, primeira decepção, maconha no estacionamento, secretária eletrônica,
sci-fi caseiro, Tori Amos, Oasis, 90’, mas no fim, é todo uma
chateação.
Everything Sucks é um dos lançamentos
da Netflix esse mês. 10 episódios curtos, uma série fácil de maratonar e de se
identificar, principalmente se você for um “original anos 90”.
Luke (Jahi
Di'Allo Winston), Tyler (Quinn
Liebling) e McQuaid (Rio Mangini)
são o básico trio de melhores amigos que está presente na maioria das produções
da década de 90. Decididos por fazer o Ensino Médio um a nova fase, os meninos
resolvem entrar pro clube de vídeo, encontrar o grupo ao qual pertencem, e uma
fraca esperança de conhecer meninas. Para Luke essa esperança se transforma
amor assim que ele vê a tímida Kate Messner (Peyton
Kennedy), a garota plutônio. Kate não compartilha
exatamente do sentimento de Luke, na verdade a garota desconfia que sinta
atração por meninas, o que coloca ele na friendzone, mesmo com todas as “lesmas
bananas” do mundo.
Após um conflito com o grupo de
teatro, a turma do vídeo resolve gravar um Romeu e Julieta sci-fi, com alienígenas azuis e cabeças
explodindo. O processo de produção deixa equipe e elenco tensos, verdades e
segredos são lançados como flechas, boa parte acaba por ser necessária para o
destino de alguns.
No último episódio temos a festa
de lançamento de Paixão Intergaláctica. Como sempre, todas as questões
pendentes se resolvem e todos parecem felizes, mas para a felicidade do
público, o final em aberto nos dá uma ideia do que poderá acontecer na próxima temporada.
Na minha opinião Everything Sucks
é uma série bem completa, entrega o que promete, referências bem colocadas,
cenas bem desenvolvidas e diálogos que podem fazer o público refletir. Boa
parte das séries de 90 trazem os personagens atravessando essa complicada fase
para a adolescência, deixar de ser criança mas ainda não ser adulto,
sentimentos, reações, pensamentos, dúvidas, tudo parece estar contra você e
tudo parece ser de extrema importância, pra você.
*O conteúdo abaixo contem Spoiler*
Logo de cara percebemos o tema tabu
presente na série, uma jovem Kate Messner descobrindo ser lésbica, em uma época uma boa parte das pessoas ainda acreditava que a AIDS era uma doença que se transmitia pelo ar e que todo homossexual carregava o vírus. O tema é tratado de forma bem leve e natural,
com a Kate, o namorado de segurança Luke, e até mesmo a diva do teatro Emaline
(Sydney Sweeney)
que descobre sua atração pela jovem.
A série é repleta de encontros e
desencontros amorosos, alguns que possivelmente serão resolvidos em uma segunda
temporada como a ignorância de Tyler pelos sentimentos de Leslie (Abi Brittle),
ou a desilusão amorosa de McQuad (um dos meus personagens favoritos). Apesar da
série ser focada nas crianças, é legal ver o desenvolvimento do namoro, por
sinal muito fofo, entre a mãe de Luke, Sherry (Claudine Mboligikpelani Nako),
e o pai da Kate, Ken (Patch Darragh).
Para uma segunda temporada também temos o desenrolar de Kate e Emaline, será
que os sentimentos da atriz irão mudar caso Oliver (Elijah
Stevenson) retorne. E, pessoalmente, gostaria de ver o
que pode acontecer entre o casal de apresentadores Jessica (Nicole
McCullough) e Scott (Connor
Muhl).
Além da trilha sonora encaixar
perfeitamente na maioria das cenas, a fotografia também é um ponto que deixa
algumas cenas ainda mais marcantes. O trabalho de caracterização também foi
muito bom, como uma criança de 90 eu reconheço que a moda da época não foi uma
das melhores, muitas tribos estavam se firmando e os estilos eram como
uniformes que diferenciavam um grupo do outro. Na série temos dois grupos que
eram considerados na margem da cadeia social do colegial, os nerds do clube de
vídeo e os dramáticos do clube do teatro. Não temos atletas em destaque, nem
rebeldes pseudo criminosos, apenas os esquisitões se unindo para fazer um
filme.
Existem semelhanças entre
Everything Sucks e Stranger Things, além da bicicleta, o elenco jovem, a trilha sonora maravilhosa, mas a maior é sem dúvida a relação
Dustin&Steve que rola entre Tyler e Oliver, se você viu ST é praticamente impossível
não associar o bromance.
Everythings Sucks é uma série de
sonhos, amores, descobertas, amizades, conquistas e mais uma porção de coisas.
Mesmo sendo tão 90, ela se pode muito bem se passar nos dias de hoje, é fácil
se reconhecer em algum momento dela, é leve e ao mesmo tempo pode fazer o
espectador refletir sobre diversos temas. É uma série que merece ser assistida.
Imagens: Netflix/Divulgação
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