Vampiros, vampiros, vampiros!



Filmes sobre/com vampiros sempre fazem muito sucesso, alguns anos atrás tivemos a saga Crepúsculo e Vampire Diares arrancando suspiros de fãs por todo o mundo. Vampiros lindos, sedutores, intensos e apaixonados, mas sabemos que nem sempre eles são assim. Eu fui apresentada aos vampiros por Stoker e Rice, e nas últimas produções sobre o tema fiquei um pouco desanimada por ver um padrão, conflitos internos com o lado humano, beirando a depressão, amores “impossíveis”, batalhas pelo tal “bem maior”... Pois bem, conversando com um amigo que estava realmente irritado por esses clichês, lembrei de 3 produções sobre o tema que muito me agradaram e fogem um pouco dessa base. Sim, o texto abaixo PODE conter spoiler...


Garota Sombria Caminha pela Noite (2014)

O primeiro western de vampiros iranianos, assim foi anunciado A Girl Walks Home Alone At Night. Uma produção americana, criada e dirigida por Ana Lily Amirpour. O filme se passa em uma cidade fantasma no Irã, Bad City é um lugar sem lei com moradores introspectivos e interessantes. Arash (Arash Marandi) é um jovem no melhor estilo James Dean, trabalhou duro para economizar e comprar seu sonhado conversível, mas se vê obrigado a se desfazer dele para pagar as dívidas do pai viciado em heroína. A garota (Sheila Vand), mora sozinha e passa as noites ouvindo música e vigiando as ruas vazias de Bad City. A vida dos dois se encontra em uma noite quando Arash está saindo de uma festa fantasiado de Drácula e fica curioso pela garota que anda de skate sozinha na madrugada, os dois passam um longo tempo juntos, mas a garota não acha que seja uma boa opção pois ele não sabe das terríveis coisas que ela fez.

Ana Lily descreve sua obra como “o filho iraniano de Sergio Leone e David Lynch, que tem Nosferatu como babá”. Garota Sombria não é um filme para todos os públicos, visual preto e branco, longos períodos de silêncio reflexivo, diálogos profundos e uma trilha sonora bem escolhida, mas se você aceita, a experiência certamente será positiva. Ana Lily lançou pela Radco, uma HQ que revela mais sobre a história da garota e da cidade. O vampiro apresentado na produção é bastante interessante, não apresenta a beleza divina ou sedução irresistível, também não oferece poder ou sabedoria de séculos, é apenas uma criatura que busca utilizar suas características únicas com o que acredita ser justiça e vai sobrevivendo em um cenário pouco convidativo.



Amantes Eternos (2013)

O Crepúsculo de Stephenie Meyer nos trouxe um vampiro depressivo que só encontrou sua razão ao se apaixonar, mas esse amor de Ed e Bella vira um mero flerte comparado com a relação entre Eve e Adam. Only Lovers Left Alive, criado e dirigido por Jim Jarmusch, é poesia em forma de filme, roteiro, elenco, trilha sonora, fotografia, diálogos, cada detalhe é encantador e envolvente. Adam (Tom Hiddleston) é um vampiro no melhor estilo romance gótico, um artista talentoso e frustrado com a humanidade, os zumbis que acabaram com o planeta e estão a todo instante descobrindo novas formas de autodestruição. Eve (Tilda Swinton) é um ser mais iluminado e leve, gosta de novas experiências, se encanta com detalhes, procura um lado positivo em tudo que vê. Os dois vivem um amor que faria Julieta desistir de Romeu e adotar a #podiaseragentemasvcnãocolabora, ela vive em Tânger, Marrocos, mas atravessa o planeta para encontrar Adam em Detroit, EUA, ao sentir uma tristeza na voz do amado. O encontro dos dois trás uma nova alegria para a existência de Adam, mas isso logo trás suas conseqüências negativas com a visita indesejada de Ava (Mia Wasikowska), irmã de Eve, que não aceita bem o estilo discreto do casal e prefere encarar a existência como uma festa.

Amantes Eternos é um ótimo exemplo do lado cultural dos vampiros, com uma longa existência, boa parte possui vasto conhecimento e longa lista de conhecidos, procurando sempre a companhia de artistas e intelectuais, Adam tem em sua “parede de heróis” nomes como Tesla, Tanning, Baudelaire, Kafka, Hendrix, Poe, e muitos outros nomes importantes em diversos segmentos, como Marlowe, vivido no filme por Sir John Hurt.


 O que Fazemos nas Sombras (2014)

Quem disse que vampiros não podem ser divertidos? What We Do in the Shadows é um mockumentary, estilo que veio se destacando faz alguns anos e que simula o estilo dos documentários, mas é apenas ficção. Jemaine Clement e Taika Waititi criaram um reality show que acompanha o dia a dia de 4 amigos. Viago (Taika Waititi), Vlasdislav (Jemaine Clement), Deacon (Jonny Brugh) e Petyr (Ben Fransham) dividem a casa e tentam levar uma vida normal, pelo menos o mais normal que um vampiro possa ser. Com exceção de Petyr, o mais velho, os rapazes fazem o possível para se divertir e socializar, gostam de música, bares e sair com amigos, e procurar alimento. Durante o dia eles precisam ficar dentro de casa, por razões óbvias, e contam com a ajuda de Jackie que vive frustrada por Deacon não cumprir a promessa de transformá-la em vampira.  Bailes, caçadores, lobisomens, vampiros indiscretos, You Tube, ex namorada vingativa, uma vida agitada, apresentada de perto pela equipe do reality show.

A produção tem momentos hilários, Jamaine e Taika tem um senso de humor certo para o estilo e desenvolveram algo muito interessante. Os vampiros são bem desenvolvidos, personalidades, conflitos pessoais e preferências distintas. O filme é repleto de referências, cada um dos vampiros representa uma versão do que vemos em outros filmes do tema, Nosferatu, Drácula de Lugosi e o do Gary OldmanEdward Cullen...


Fontes: 1 / 2 / 3 / 4 /
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